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Monday, February 11, 2008

mptexto?

A indústria editorial está se esforçando em achar uma maneira de fazer pelos livros o que o MP3 fez pela música. Algum grande cacique na indústria se convenceu que o livro é a próxima vítima da digitalização e, como bons gatos escaldados (que viram o que está acontecendo com a indústria fonográfica), estão tentando chegar à frente para, dessa vez, terem um modelo de negócios que traga lucros e não processos na justiça.

Mas o esforço falha em capturar um detalhe: a música é uma experiência puramente auditiva, ou seja, o que importa é o que você está ouvindo, e não como esse som chega ao seu ouvido.

O livro, por sua vez, é uma experiência que (ao menos pra mim) envolve ambas as partes. Já tentou ler um livro inteiro na tela do seu computador? Vamos lá tente, eu ajudo.

Terrível, não? Nenhum ser humano consegue fazer isso por muito tempo. Além disso você não consegue deitar na cama com a tela do seu computador em apenas uma mão, levá-la ao banheiro para aquele profundo momento de reflexão (embora já tenha ouvido histórias de laptops no reservado) ou simplesmente ter o gostinho de ter sua coleção na prateleira para, de vez em quando, redescobrir um texto perdido. Finalmente, a sensação tátil do papel e olfativa da tinta é algo indescritível.

No intuito de endereçar a maioria desses problemas, a Amazon lançou o que ela espera ser o equivalente do iPod dos livros -- e torcendo para que, no processo, ela vire o equivalente da iTunes.
O Kindle é realmente portátil (ver acima), leve como um único livro (tem menos de 300 gramas) e utiliza uma nova tecnologia chamada "electronic paper", que elimina o desconforto dos olhos ao ficar olhando para uma tela cuja matriz está constantemente se renovando. O "e-paper" trabalha com minúsculas partículas que ficam ativas e inativas por força de uma carga elétrica. Dessa forma, a matriz não está sendo renovada a todo tempo. Mas essas partículas mudam de "estado" fisicamente falando quando recebem a carga elétrica, portanto a página continua lá mesmo quando o aparelho fica sem bateria. Certos conceitos não morrem nunca...

Além de tudo, ele inclui a capacidade de se comunicar sem fio, via rede celular, com a Amazon. Dessa forma o usuário pode, através do próprio aparelho, comprar novos livros. Sem cabos pra sincronizar com o PC, sem PC na verdade, ele é totalmente "stand alone". Pra fazer as coisas ainda mais fáceis o usuário não paga nada por mês pra acessar a Amazon -- eles pagam a conta da companhia celular na expectativa de recuperar o custo (e muito mais) através da venda de livros digitais.

O aparelhinho foi lançado em novembro passado, por enquanto exclusivamente nos EUA, e está constantemente esgotado apesar do seu precinho salgado de US$ 399,00. Parece a primeira tentativa na direção correta. Mas ainda tem seus defeitos: falta inventar o cheirinho de tinha e a textura de papel eletrônicos.

1 comment:

Anonymous said...

Uma tentativa valida, realmente melhor do que ler o texto na tela de um monitor.
Mas como você mesmo disse no post do SMS do celular de sua assistente, creio que a geração atual não terá este mesmo apego que nós temos ao papel e ao cheirinho da tinta.
Mas como disse, já é uma tentativa valida.
E nós com o tempo talvez consigamos ler alguma coisa nisso sem reclamar tanto, já sua assistente, provavelmente terá um desse em breve. :)