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Saturday, March 1, 2008

blue screen of death

Há duas semanas atrás, passamos o final de semana num lugar muito legal chamado Center Parcs. Na verdade é uma rede de parques privados com chalés que você pode alugar pra passar toda semana ou um fim-de-semana apenas. Lá você tem uma infra-estrutura de lazer muito legal à disposição: piscinas aquecidas, bicicletas, quadras de tênis e por aí vai. Nesse que fomos tinha um algo mais: esqui indoor. Pensei: que ótima chance de matar saudades do Canadá.

Eramos três casais com sete crianças (minhas inclusas). No dia do esqui fomos em comitiva: todos os homens e todas as crianças (exceto a Luísa; lamentavelmente não tinham esquis pra crianças que não sabem andar). As mulheres acharam uma boa idéia ficar longe dessa "fria" (trocadilho não intencional).

Fomos esquiar, Enzo e eu. Claro que tive que acompanhá-lo o tempo todo. Num determinado momento, ele esquiou sozinho até o sopé do morrinho que lá havia, mas caiu no final. Eu vinha descendo logo atrás. Ao vê-lo chorando, fiz uma curva pra alcançá-lo mas me empolguei e cai também. A minha posição de queda foi tão ignóbil que eu não conseguia levantar. A única saída era remover os esquis.

Nesse momento percebi que minha posição era tão abjeta que minha mão não conseguiria alcançar a trava dos esquis pra soltá-los. Enzo continuava chorando. Eu então estiquei minha mão beeeem atrás de meu corpo, girando minha coluna quase 180 graus, num heróico esforço pra me livrar dos esquis. Nesse momento senti um "plec" dentro do meu braço. Pensei: isso vai doer amanhã. Mas alcancei os esquis, me levantei e peguei o Enzo. Problema resolvido.

No dia seguinte uma dor infernal fazia festa dentro do meu braço direito. Esse constante sofrer, que me acompanha enquanto escrevo essas tortas linhas, se manifesta na forma de um formigamento interminável irradiando do meu dedo indicador até o final do ante-braço. Amém pelo Ibuprofeno. Me dá vontade de dar um tiro na minha cabeça só pra me livrar da raiva que sinto de ter dado a maldita esticadinha pra soltar os esquis.

Claro que, depois de uma semana à base de analgésicos, fui à nossa médica de família (estou quase chegando ao clímax, segurem aí). Depois de fazer alguns exames rápidos ela decretou que eu provavelmente danifiquei ou machuquei um nervo da minha coluna. Nada de importante, claro. Me encaminhou então para um especialista em nervos e músculos.

Fui ao especialista na semana seguinte. Chegando lá fui atendido por uma médica, expliquei a história de novo e fizemos mais uma série de exames táteis. Finalmente, ela pediu pra que eu tirasse a camisa e sentasse ao lado de um aparelho.

O dito tinha vários cabos saindo dele. Um deles ela prendeu no meu braço. Outro, no meu dedo. E um terceiro ela molhou numa solução e encostou numa parte do meu pulso. Achei que fosse algo como um eletrocardiograma, que coleta informações que meu corpo está gerando, mas era uma versão mais sofisticada que não só recebia "input", mas dava "output" também. Em resumo, o aparelho ia testar meus nervos por meio de eletro-choques dados pelo terceiro cabo.

Pensei em correr. Talvez se eu derrubasse a máquina na médica tivesse uma boa chance de alcançar a porta antes dela se levantar. Mas eu já estava preso e qualquer movimento em falso podia resultar na cadeira elétrica. A idéia de receber choques não me preocupava (é, com certeza) mas sim um pequeno detalhe que notei na tela do aparelho. Resignado, me entreguei. E lá foi ela dando choque aqui, choque ali. Minha mão pulava como milho de pipoca em panela quente. Loucura, loucura. Algumas vezes realmente doeu.

Terminada a sessão de tortura, ela informou que essa era apenas a primeira metade. Mais choques, perguntei desconsolado? A afirmativa era o menor dos problemas, pois ela informou que o simples contato com a pele não resolveria mais. Pra testar meus músculos, os choques seriam administrados via uma agulha enfiada no meio deles.

Eu não sou (muito) cagão com coisas de hospital. Não ligo de levar injeção. Em condições normais de temperatura e pressão não seria nenhum grande drama levar choques através de um pedaço de metal atravessado nos meus músculos. Afinal, essas máquinas hospitalares são amplamente testadas e contém várias travas de segurança pra evitar que eu frite até a morte.

Mas havia um pequeno detalhe no satânico aparelho que deixava tudo muito mais perigoso. Algo tão assustador que me fez torcer para que o filho-da-puta que inventou a porra do equipamento tivesse a mãe na zona. Aquilo que apareceu na tela antes da sessão começar era tão macabro que somente alguém totalmente desprovido de senso comum aceitaria tomar choques via computador sem protestar.

Logo após me prender à máquina ela apertou uma tecla e pude ver, por um breve momento, o salva-tela que desaparecia. Dançando pra lá e pra cá, vi o logotipo do Windows XP.

2 comments:

Fabio Scheer Luis said...

Huahuahuahuuhahuauhauha
Sensacional!!! Sinto muitíssimo pelo seu braço, Lói; mas realmente é muito engraçado esse lance do Windows. Mas pensa: poderia ser muito pior, já pensou se fosse o Windows Millenium????

Ligia said...

Eu sinto pela sua dor, mas ri de mais!
rs
Será q era o home edition? Argh!